segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Santo tem dono?

Final de ano é tempo das famosas resoluções de ano novo, prometem-se mudanças de hábitos e novas atividades, principalmente ligadas à saúde: como parar de fumar, começar a caminhar ou até correr.

O último dia do ano também é data para agradecer mais um ano que finda e homenagear o Santo do dia: São Silvestre.

São Silvestre foi o 33º Papa da Igreja Católica e morreu no dia 31 de dezembro do ano de 335 e hoje as corridas que levam seu nome espalham-se pelo mundo a fora.

Só para se ter uma ideia tem Corridas de São Silvestre em Hannover, Berlim e Nuremberg na Alemanha. Corre-se a São Silvestre também nas cidades austríacas de Viena e Innsbruck. Na Espanha a San Silvestre Vallecana é realizada em Madrid e na Eslováquia a São Silvestre é em Bratislava. Na Suiça tem São Silvestre em Munique no dia 31, mas no dia 16 também tem uma em Zurique, assim como em Portugal, onde a São Silvestre da Cidade do Porto ocorre no dia 16 e a São Silvestre de Lisboa no dia 29. Até mesmo aqui na vizinha Argentina, tem a San Silvestre de Buenos Aires.

Cada qual com suas características e distâncias, mas em comum prestam sua homenagem ao Santo do último dia do ano.

No Brasil não é diferente, também temos dezenas de corridas de São Silvestre espalhadas por ai. Só para citar algumas mais tradicionais, temos a 56ª de São Silvestre de Pratápolis-MG, a 57ª São Silvestre de Brotas-SP, 48ª São Silvestre de Franco da Rocha-SP, 67ª São Silvestre de Avaré- SP, 60ª São Silvestre de Conchal-SP, 50ª Corrida de São Silvestre de Iguape-SP e muitas outras vão surgindo ou não.

Como havia escrito aqui na minha primeira coluna, na cidade aonde resido, São José dos Campos, teríamos a 2ª Corrida de São Silvestre Joseense, sim teríamos, agora será Corrida da Virada, foi obrigada a mudar o nome para evitar um possível processo da Fundação Casper Líbero, que registrou o nome do São Silvestre para si. E uma a uma, as Corridas de São Silvestre brasileiras vão sendo “convidadas” a mudar seu nome, sejam novas ou as já tradicionais, e que não mais poderão homenagear o São Silvestre. A Fundação que organiza a São Silvestre da capital paulista virou a dona do Santo.

Ano passado, em meio às confusões por conta da mudança de percurso, que colocou a chegada no Parque do Ibirapuera e que desagradou a 99% dos corredores, o amigo Antonio Colucci, que segundo o diretor da prova faz parte do 1% dos descontentes com a mudança, organizou um treino em São Paulo, no percurso antigo da São Silvestre, com largada e chegada na Paulista, e teve a ideia de chamá-lo de “Treino da São Silvestre Cover”. Um treino, que reuniu os corredores contrariados com as mudanças repentinas e teve até a participação do Senador Suplicy. Pois bem, o Colucci foi processado pelo uso indevido do nome num “treino”. Talvez uma retaliação por conta de ele ter encabeçado o movimento contrario as mudanças. Esse ano o final da prova voltou para Paulista, será que o protesto atingiu seu objetivo?

A Corrida de São Silvestre de São Paulo tem um histórico de falta de respeito com aqueles que realmente fazem uma corrida de rua, os corredores amadores, muitas vezes chamados pejorativamente pelos locutores que transmitem a prova, de “atletas de final de semana”, mal sabendo do quanto esses “atletas de final de semana” têm que se preparar a semana toda, conciliando treino e trabalho para completar uma prova de 15 km.

As mudanças arbitrárias no regulamento as vésperas da prova, como em 2010 quando entregou a medalha de participação antes mesmo da corrida ou que mudou o local da chegada em 2011, por conta de um alegado problema na dispersão, mas que depois se mostrou ser um problema mesmo de falta de organização. Falta de organização que ocorre todos os anos na largada da prova, sem critério, aonde os fantasiados atrapalham aqueles que querem correr. Por que não seguir o exemplo das grandes provas mundiais e fazer a largada em ondas? Ou separar os corredores por ritmo e colocar os fantasiados no final do pelotão? Sem falar no aumento abusivo das inscrições, e que chegou ao valor de 120 reais para prova desse ano. E mesmo assim, bate recordes de participação a cada ano e as inscrições encerram-se cada vez mais cedo, atingindo o limite de participantes que passa dos 25.000 atletas.

É de se perguntar: Será que uma prova como a 50ª Corrida de São Silvestre de Iguape, que tem inscrições de 30 reais e o limite máximo de 300 participantes, tirará o interesse de se correr nas ruas de São Paulo na “Internacional” São Silvestre da Fundação Casper Líbero?

Faria bem se a organização da Corrida Internacional de São Silvestre, que nesse ano chega a sua 88ª edição, medisse esforços para transformá-la em exemplo de organização e respeito pelos atletas, e não ficar mesquinhamente tirando o nome de provas espalhadas pelo Brasil. Provas que são somente uma oportunidade para se correr no último dia do ano homenageando o Santo da sua Fé.

Coluna publicada no Ribeirão Preto Online

Um comentário:

  1. atleta recordista do brasil, júlio césar candela participa da prova de pedeatrismo (50) anos da são silvestre de iguape 7 km, 31.12.2012, belo percurso.

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